segunda-feira, 31 de março de 2014

Diário de Bordo

Começar uma segunda feira acordando às cinco da manhã para ainda pegar estrada não é fácil. Cedo eu estava na estrada, não quis acordar mais cedo ainda, era pra passar o café e já deixar tudo pronto para os que ainda ficaram dormindo, é que eu estava ainda muito cansado, meu final de semana foi sobrecarregado de responsabilidades.

Caí na estrada então foi cedo, imaginei tomar um belo café na estrada mesmo, ficou só no pensamento, pois vou contar uma coisa, aquelas barraquinhas lá em Perizes de Baixo é qualquer coisa de depressivo, ou como não dizer, de morrer. Gente, como pode se servir em barracas de péssimas condições de higiene, pessoas que vêm te atender, pasmem, com os olhos sujos, cara de sono, um verdadeiro nojo. Procurei a melhor das piores, e me ferrei. O beijú foi direto pro cesto de lixo, o café da mesma forma, claro, com muito cuidado para que o cidadão que me serviu não olhasse, pois poderia ficar ofendido. Ainda tem isso viu!

Segui minha viagem com fome, às sete, já em Rosário, fui direto para um povoado, fui visitar uma cliente, ali sim, um café decente, gostinho de café fresco, pena que na casa alheia sinto muita vergonha, e não aceito nada, só o pretiinho. Mas valeu a pena, resolvi o quue tinha pra resolver, conversamos um pouco, aquela 'brisa' fria e maravilhosa, de uma despertar na zona rural, deu vontade de passar o dia por ali, mas o dever me chamava.

Hoje eu tinha muitos atendimentos a fazer em Rosário, casos e mais casos, consegui dar encaminhamento a todos, ou a quase todos, dia muito produtivo. No meio da manhã, uma volta na cidade, no centro mais precisamente, conheci um pessoal por ali mesmo, todos muito receptivos, acabou que voltei para o escritório sem nenhum cartão no bolso. Mas o calor já apertava, aproveitei para tomar uma KS, não era gelada como a do Rocha lá de Viana, mas era uma KS.

No final da manhã a chuva começou a apertar, saí de Rosário já de baixo de um temporal, mas pensando chegar em São Luís antes das 14, pensamento que logo se frustrou. É que chegando no bendito Campo de Perizes, um engarrafamento quilométrico, fiquei ali das doze e meia até às treze, quando voltei e tentei pegar um atalho por baixo das torres da Eletronorte, meu carro logo virou um jeep, mas devido às chuvas o atalho se mostrava mais lento que esperar na pista, voltei do meio do caminho.

Já de volta ao Campo de Perizes resolvi me conformar com o atraso na minha volta, e liguei meu radinho, começava o programa policial que eu tanto gosto, mataram muita gente esse final de semana, terrível!!!

Andava a fila de carros uns vinte metros a cada meia hora, até que começava a fluir melhor o trãnsito, mas naquela primeira curva me apareceu na frente o motivo do engarrafamento, um acidente envolvendo um caminhão de tijolo e uma carreta, bateram de frente. Três feridos e um morto. O corpo estava na pista coberto com aquela manta térmica, não bati foto, apesar de jornalista que sou, hoje eu estava meio assim. Coitado, o rapaz que faleceu era trabalhador braçal e era ajudante no caminhão de tijolo. Ele trabalhava na carga e descarga dos tijolos. O rádio AM informa tudo.

De certo que o trânsito começou mesmo a fluir, mas já se aproximava das três da tarde. Um situação complicadíssima, até mesmo por que aquela obra de duplicação teima em não acabar, e enquanto isso vidas vão se perdendo, prejuízos materiais, atrasos, atrapalhos, e todo tipo de dor emocional para aqueles que precisam trafegar naquele trecho da BR. Eu mesmo perdi um carro ali naquele Campo de Perizes, quando em 2008 capotei um Millie que eu tinha, mais um acidente em que apenas pela graça de Deus é conseguí sair ileso.

Quando acabara de sair do engarrafamento, recebi um sms de uma amiga, ela me relatava que tava num engarrafamento em Campo de Perizes e não sabia do que se tratava, pedia pra eu ver na net o que havia ocorrido, não sabendo ela o que a esperava. Tentei responder a mensagem, mas meu celular não as enviou, Essas operadoras!! Não sei mais o que faço!!

Cheguei no escritório de São Luís às quatro da tarde, e logo tive que sair, fiz uns trabalhos rapidamente, meia hora depois já tava na pista novamente, precisei ir ao prédio de uma moça buscar um documento, de lá vim pra casa, precisava almoçar, já se aproximada das dezessete horas.

E almoçar correndo, pois tinha recebido telefonema de um cliente na Raposa, ali um outro cliente precisava falar comigo, além de que tinha eu que consultar um processo no fórum daquela comarca, precisava falar com uma outra senhora que tá adoentada, é eu sei, não sou médico, mas ela queria falar com o Advogado dela, então, fazer o que né. Ah, e eu também queria falar com o Oficial de Justiça da Comarca, era uma dúvida que precisava tirar.

Desde quando eu estava na estrada já tinha conhecimento de uma manifestação que tava ocorrendo na estrada da Raposa, mas as minhas necessidades eram bem maiores, e precisava mesmo chegar naquela cidade.

Em casa, me alimentei, banho rápido, às dezessete voando para a cidade de Raposa, cheguei no ponto da manifestação, bem em frente ao alto da base, fumaça às alturas, todos no acostamento, fui aos poucos me aproximando, os ônibus estavam passando por cima dos pneus em chamas, cenas de uma verdadeira guerra civil.

Perguntei para os pedestres, sobre o que se tratava a manifestação, ninguém soube informar, estavam manifestando sem saber de fato o que se pleiteava. O carros aos poucos foram passando, meio que por cima das cinzas já, eu furei também, e segui meu caminho. Seguidamente, logo encontrei na fila que seguia para São Luís o Ilustre Oficial de Justiça, com quem eu precisava muito falar, ali mesmo joguei meu carro no acostamento, e meio informalmente, e de forma açodada, o que não é de meu costume, conversei com ele, tirei a minha dúvida, desejei sorte e segui minha viagem, olhei pro relógio, dezessete e trinta, e o fórum fecha às dezoito, chutei, consegui chegar a tempo.

Olhei meus processos, dali segui para a casa da senhora que está adoentada, chegando lá percebi que não tá tão adoentada assim não, ali parece que descansei minha primeira hora no dia de hoje, sentei, conversamos por cerca de uma hora, a casa dela eu já conhecia de longas datas, conversamos, conversamos, e eu quase dormindo na cadeira pedi licença, marcamos pra eu ir um dia de sábado, ela quer conhecer Mariana.

Fizeram as contas, pois é, já era quase sete da noite, tinha ainda que ir à casa de um outro cliente que iria me levar na casa de um segundo, pois este último queria falar comigo, bem como fazer um acerto financeiro. Segui, o povoado acho que se chama Itapéua, casas humildes, mas de pessoas honestas, trabalhadoras, embora sem uma oportunidade de trabalho sequer. A pobreza e as necessidades saltam aos olhos. Uma realidade que conheço muito bem, afinal já desenvolvo meu trabalho naquela cidade já há quase seis anos.

Mais uma meia hora para uma conversa, um outro café, e enfim, voltar para casa. É, mas voltar para casa somente para buscar uma pasta de documentos que havia esquecido, era hora de voltar ao escritório, cheguei no escritório em cima das oito da noite, precisava organizar uns trabalhos de amanhã, tenho uma audiência amanhã na UEMA, às nove eu já saia do escritório, até que pensava em ficar mais um pouco, mas meu escritório que tanto falo fica no bairro da Areinha, que ao desavisado, é um dos bairros mais violentos da cidade, e portanto, não muito recomendado que se fique ali até tarde, embora eu não tenha qualquer medo, pois ali morei por mais de duas décadas, sendo muito conhecido, e portanto, não creio que alguém me fará um mal, mas não custa. Take a care!!!

Enfim, em casa, e nem preciso falar do meu estado.

Isso tudo explica então o motivo de eu estar aqui escrevendo com vocês já às vinte e três e trinta da noite, ardendo-me de dor de cabeça, ouvindo a Rose Castro. O programa hoje é sobre as duas greves, a da PM e a dos Rodoviários. E ainda sobre os Agentes Penitenciários, o entrevistado é o César Bombeiro, diga-se, Vianense!

Sobre esse dia de hoje, posso tirar de lição que essas manifestações estão virando um caso sério, e posso arriscar a dizer que a culpa é da autoridade policial que assiste a tudo com parcimônia. A Polícia deveria sim aplicar a força, manifesta-se hoje sem nem saber o por quê. Manifesta-se por incentivo de um político que tenta implantar o caos na cidade. Por tudo. Nós que temos um pouquinho de conhecimento, sabemos e entendemos o direito de manifestação, mas entendemos que tal direito têm sido desvirtuado, têm sido prostituído, e as autoridades não têm se dado conta disso.

A morte do rapaz lá em Perizes foi o que mais me tocou no dia de hoje, realmente foi uma cena triste e penosa, ver um ser humano ali, jogado, com todos em pé a conversar em uma rodinha como se nada acontecera. Que Deus conforte a família daquele cidadão. Que Deus o coloque em um bom lugar.

Gente é isso, nossas escusas por possíveis erros gramaticais que sejam encontrados nesse texto, mas é que de tão cansado não pretendo voltar para fazer a releitura.

A todos vocês eu desejo uma semana abençoada!!! Beijo grande!!!

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