terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Morro e não vejo tudo

A humanidade está mesmo perdida. Quando penso que já vi e ouvi de tudo, eis que me vem uma nova.

Estava eu no cinema dia desses. Assistia o filme "O Regresso", aquele com Leonardo Di Caprio. O filme tem classificação 16 anos. Achei o filme bem pesado, com cenas de mortes violentas, ataques sanguinolentos, verdadeiras carnificinas, coisa de causar aflição mesmo.

Bom, mas o que me chamou a atenção? Vamos aos fatos.

Entrei na sala, me sentei, estava ainda na parte dos trailers. Sem demora chega um casal, acompanhados de um menino. A criança deveria ter no máximo, e falo sem medo de errar, cinco anos.

Aquilo me chamou bastante atenção, fiquei realmente estupefato com a falta de bom senso dos pais, mesmo o filme ainda não tendo começado. Isso por que já sabíamos da temática que seria abordada, bem como das cenas de violência que estariam por vir.

Eis que começa o filme, eu na ponta, a criança ao meu lado, ao lado da criança, o pai, e depois a mãe (nem sei se era a mãe, acho que não, só acho!).

Tendo iniciado, logo vi que não conseguiria prestar muita atenção ao filme, tamanha era a minha preocupação e/ou curiosidade com a criança e como ela reagiria às cenas. Ora, não deu outra!

A criança logo começara a abraçar seu pai, e mostrar que estava muito incomodada com o filme, pediu ao pai que fossem embora. O irresponsável, não deu a menor bola.

Já estávamos com meia hora de filme, a criança já havia feito 3 pedidos ao pai, informando que não queria assistir ao filme. Eu, àquela altura, observava tudo, e já não prestava mais atenção em nada do filme, e também já não conseguir esconder meu descontentamento com aquele imbecil.

Foi quando realmente não consegui suportar e saí da sala em busca de ajudar aquela criança contra seu pai.

Lá fora da sala procurei a administração do cinema, onde fui atendido pelo gerente do dia, que me pediu calma, informando que aquilo era até bastante comum ali naquela casa. Ele me informou o procedimento (crianças abaixo de doze anos acompanhadas de pais ou responsáveis podem assistir a qualquer filme cuja classificação seja igual ou superior a 12 anos, desde que os responsáveis assinem um termo).

Será que esse procedimento é mesmo seguido? Eu mesmo nunca assinei qualquer termo quando levo minha filha ao cinema, nunca me foi apresentado termo algum. Mas talvez seja também por que observo com cuidado a classificação dos filmes antes de levar a Mariana para assisti-los. Bom, mas confesso que fiquei na dúvida se aquele cidadão assinou ou não o tal termo. E mesmo que o tenha assinado, tal fato não é absoluto. É absoluto sim, a integridade e saúde psíquica  e mental de uma criança daquela idade.

Bom, o certo é que relatei a situação para o gerente, informando que havia uma criança em estado de pânico, que insistentemente pedia a seu pai para sair da sala, mas não era atendido. Informei a ele meu assento e o assento que estava a criança. O Gerente me acompanhou de volta até a sala, e acompanhado também de mais dois funcionários.

Chegando lá, pediu-me que eu subisse sozinho de volta a meu assento, e que em seguida eles iriam até onde o cidadão.

Logo que sentei, a criança imediatamente, já chorando, pedia mais uma vez a seu pai que não queria mais assistir ao filme, e que estava com medo. Eu ainda sem assistir o filme já somente olhava para o pai e para a criança. Nesse momento tive a certeza que a moça não era a mãe da criança. Ela pouco olhava, assistia ao filme despreocupada com a situação, gozando deliciosamente de sua pipoca.

Nesse momento, eu incomodado com o cidadão, e ele já incomodado comigo, a criança incomodada com o filme, e, talvez por ter percebido que eu havia buscado ajuda, eis que o pai desiste de continuar na sala, e se retira, com seu filho, e com a moça que o acompanhava.

Foi quando então pude tentar assistir ao filme, mas daí pra frente com a mente pensando a todo tempo naquela criança. De certo que terei que voltar ao cinema, pois perdi quase a metade do filme, e nem vi a parte do urso (disseram-me que há uma cena em que o ator briga com um urso).

Daí uns anos teremos uma sociedade composta de selvagens (se é que já não estamos vivendo na própria), e não saberemos explicar qual fenômeno se deu para tanto.

Depois, já de volta à minha casa, fiquei pensando... será que valeu a pena?! Do que adianta?! amanhã ele volta a levar a criança pra assistir um filme até mais violento! Ou em casa mesmo, onde não haverá nenhum mala pra importuná-lo. É, estou achando que vou largar mão disso, afinal, pessoas assim como eu, em dias de hoje, é que não têm valor algum.

Fazer o quê!

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