quarta-feira, 12 de março de 2014

Só trabalho no que acredito. Não atuo para oportunista!!!

Eu nem pensava em escrever hoje aqui neste espaço, face à enorme pilha de processos que se encontra bem aqui na minha frente, mas acabo de receber a visita de um quase cliente, o que me deixou meio bolado, resolvi vir aqui desabafar antes de ir embora curtir minha gripe.

Primeiro que a minha relação com esse cidadão já começou meio cambaleante, é que um dia desses aí, eu me encontrava num lanche, comprando não me lembro o que, quando a senhora que lá trabalhava me apontou a ele dizendo, olha fulano, esse aqui é o Advogado. Ele prontamente veio até mim me falando de uns processos que tinha. me relatou bem ali mesmo que tinha uns 4 ou 5 processos, todos já na justiça, e todos bem enrolados.

De logo percebí a complexidade, não das causas, mas dele. Todos os processos, como ele não tinha Advogado, estavam em vias de serem arquivados, ou seja, ele entrou sem Advogado, naturalmente para economizar com os honorários, mas agora que a situação dele se complicou, resolveu procurar um causídico para lhe salvar a pele.

Eu não dei muita conversa, apenas pedi que tirasse cópias do processo e deixasse no escritório com nossa colaboradora. Dias depois, ali estava sobre minha mesa, uma pilha de processos (cópias), com o telefone do rapaz.

Terminei de analisar, ele, mal orientado, naturalmente, pois estava sem Advogado, fez tudo errado, um processo já estava arquivado, outro em vias de ser arquivado, outro com sentença de improcedência, um outro concluso para sentença, mas pelo que vi me parece que também vai ser improcedente.

Então, eis que ainda a pouco, me bate à porta o dito cujo, sendo que, muito abruptamente, já me foi relatando. - Dr. hoje passei por outro constrangimento, é que ali em uma loja o cidadão disse isso e aquilo outro do meu carro, parari, parará, coisa e tal. Eu muito bem ciente da conduta do rapaz, até mesmo porque já havia analisado os outros processos, nem dei muita importância.

Me preocupei, na verdade, em explicar a ele que a Justiça não está a serviço da sociedade para julgar todo tipo de aborrecimento que passamos em nosso dia a dia, e que se assim fosse, eu, por exemplo, ao final de um dia de trabalho, teria umas 10 ações para dar entrada, era uma contra o banco, outra contra o supermercado, outra contra o meu vizinho que fechou minha garagem, outra contra o porteiro que não entregou uma correspondência minha, e por ai vai.

Expliquei, ou pelo menos tentei explicar, que há uma grande diferença entre mero aborrecimento, e constrangimento, este na verdadeira acepção do termo. Disse também que a Justiça não deve ser utilizada unicamente como meio de se auferir vantagem financeira, face a todo e qualquer evento que nos traga chateação. Que isso era algo normal da nossa vivência, de nosso dia a dia.

Pra finalizar, disse ainda que meus trabalhos não estavam a serviço de quem busca a Justiça para este fim, e que sobre as ações dele, eu penso que nenhuma terá julgamento procedente, e que por isso não poderia eu acompanhar os referidos processo, tanto os 5 ou 6, ou mais, que já estavam em tramitação, quanto o caso ele acabara de me trazer, pois eu, verdadeiramente, não acreditava que qualquer um daqueles fatos ali colocados fossem constrangimentos dignos de serem reparados, e que para mim não passavam apenas de meros descontentamente ou meros aborrecimentos.

Não! Eu não estou a dispor de pessoas assim! Eu só trabalho mesmo naquilo que eu acredito. Ou alguém, em plena consciência, pensa que um comerciante fazer a conferência da mercadoria na saída da loja é constrangimento?!

Pois então devolvi a documentação do cidadão, ele levantou-se, saiu em direção à porta, e já saindo do escritório esbravejou de lá... Desculpa o incômodo!

Não sabendo ele que para mim nunca foi e nunca será incômodo tentar informar às pessoas do verdadeiro sentido da Justiça.

Me desculpe, mas não estudei para servir à oportunistas!

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