terça-feira, 8 de abril de 2014

Em Busca de Iara, recomendo!

Assisti hoje o Documentário "Em busca de Iara", no Cine Praia Grande, aqui em São Luís, com entrada custando apenas R$ 12,00, sendo que estudantes e professores pagam meia, ou seja, R$ 6,00, valor quase que simbólico. O penoso foi que naquela sala de cinema eu tenha conferido apenas cinco pessoas, comigo, seis. E mais ainda, é saber que em dias de hoje, pessoas lotam todas as dez salas dos Cinépolis e UCI Kinoplex para assistir aos 300, Capitão América e Thor's da vida.

Ao que interessa.

O filme retrata parte da vida e morte de Iara Iavelberg. Ela que foi companheira de Carlos Lamarca, ex-Capitão do exército, um dos líderes da luta armada contra a ditadura.

O filme foi dirigido por Mariana Pamplona, que é filha de uma irmã de Iara, e, portanto, sobrinha de Iara. Mariana não leva o sobrenome Iavelberg por cautela da família quando da época de seu registro.

O filme possui muitos depoimentos, de amigos, irmãos, conviventes, alguns outros personagens que de uma forma ou outra tiveram contato com Iara.

A luta armada contra a Ditadura, tenho minhas dúvidas se foi a melhor das escolhas, mas sem sombra de dúvida foi a grande responsável por incutir na mente da sociedade da época o ideal libertário, e que acabou por levar as massas para as ruas, desencadeando na história que você já conhece.

O filme aborda de forma bem breve o relacionamento que ela teve com o Carlos Lamarca, e eu penso que até as chamadas apelaram bastante para este fato, mas no Documentário percebi que foi abordado com a mesma importância dada a todos os demais.

No filme é mostrado inclusive o prédio de apartamentos onde ela foi executada, um prédio simples no conhecidíssimo bairro de Pituba, na cidade de Salvador. Quem conhece a cidade sabe bem onde fica esse bairro que estou falando.

O Documentário apresenta inúmeras ilustrações, documentos, fotos da época, o que abrilhanta mais ainda o trabalho da equipe.

O de mais importante mesmo é a luta que foi travada pela família para ter retificado oficialmente os motivos que levaram Iara à morte. Isso por que na versão oficial ela teria cometido suicídio, para evitar que fosse capturada, fato que era por demais comum entre os camaradas da época.

A família sempre negou tal versão. Lutou na Justiça, conseguindo a exumação do cadáver de Iara, e com a exumação, bem como com a análise de um rascunho do Laudo emitido na época, acabou por se constatar que Iara foi sim morta pelos Militares.

Tal descoberta é de grande importância para a família judia, pois seus dogmas determinam que pessoas que cometem suicídio sejam enterradas em separados, o que era uma ofensa à moral daquela família que sequer pôde à época ter um enterro digno de sua querida filha.

O Documentãrio se desenrola com algumas cenas emocionantes, e ainda, com alguns depoimentos de quem parece insistir em defender as ações criminosas da época.

Por fim, a lição trazida à baila pela Irmã de Iara Iavelberg nos leva a pensar que de fato toda aquela luta armada, e posteriormente toda a mobilização da sociedade em um coro de Abaixo a Ditadura, se deu tão somente em razão da consciência daquela sociedade, em razão da politização daquelas mentes.

Esta politização da sociedade encontrada com tanto fervor àquela época, não é encontrada nos tempos atuais, e por certo, é o fator que prepondera para que nosso País encontre-se nesse estado de completa crise e desordem política.

Não sou nenhum crítico ou especialista em cinema, mas sob meu olhar de espectador, o Documentário é digno de aplausos, seja pelo tema, pela pessoa que foi Iara Iavelberg, ao até mesmo pela coragem que mostrou Mariana Pamplona e sua família em buscar a verdade a todo custo. Realmente de um brilhantismo sem fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário