terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Existe teatro em São Luís?


Você gosta de teatro?

Você já entrou num teatro para assistir uma peça, um espetáculo de dança, um concerto musical, uma ópera?

Você sabe que em São Luís, cidade onde você provavelmente nasceu, existe um dos mais belos e mais bem estruturados teatros do Brasil?

Ele é o Teatro Arthur Azevedo, fica ali na Rua do Sol, num prédio suntuosamente lindo e um interior que, de tão aristocrático e belo, não deveria ser um local tão esquecido. Você, alguma vez, já entrou lá? Nunca teve vontade? E por que não tenta?

Agora, se você gosta de teatro, se já entrou alguma vez no Arthur Azevedo, consegue lembrar qual foi e quando aconteceu a última peça teatral naquele monumento maravilhoso?

É, realmente, faz muito tempo que ali não acontece nada de qualidade. Tudo que tem acontecido ali, beira a coisas de quinta, sexta e até sétima categoria.

Pois, a ideia da criação do Teatro Arthur Azevedo surgiu em 1815 por iniciativa de dois comerciantes portugueses, Eleutério Lopes da Silva Varela e Estevão Gonçalves Braga. Essa era a plena época áurea do ciclo do algodão, em que o Maranhão enriquecia com a exportação deste produto e a cidade necessitava maior vida cultural.

A construção começou em 1816 e no dia 1° de julho de 1817, após um ano de trabalho, foi inaugurado. Chamou-se inicialmente Teatro União, em homenagem à criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815), resultado da vinda da família real portuguesa ao Brasil.

Este era o quarto teatro da história de São Luís, mas destacava-se pelo conforto e tamanho, com uma capacidade para 800 espectadores. Seu estilo neoclássico era também uma novidade para a época.

Em 1852 passou a chamar-se Teatro São Luiz e, na década de 1920, ganhou o nome atual em homenagem ao grande dramaturgo maranhense Artur de Azevedo (1855-1908). No século XX o teatro foi descaracterizado e chegou a ser cinema, mas atualmente encontra-se restaurado e em pleno funcionamento. (Fonte: Wikipédia).

A administração desse monumental teatro é da Secretaria de Cultura (????!!) do Estado do Maranhão. Provavelmente, em função do ostracismo em que vive o teatro, o conceito de 'administrar' está restrito apenas a uma pintura externa e limpeza das cadeiras e palco. Além, claro, da manutenção de alguns funcionários come-e-dormes que 'trabalham' ali. Não existe uma preocupação com a programação.

A Secretaria de Cultura do Maranhão entende como sendo 'cultura', apenas o bumba-boi, tambor de crioula, cacuriá e afins. Não fazem parte desse conceito, o jazz, o ballet, a peça de teatro. Até mesmo o festival de corais que acontecia a cada ano foi deixado em terceiro, quarto e quinto plano.

Provavelmente será por isso que nomes famosos e consagrados como Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo que nasceu em 7 de julho de 1855, em São Luís - MA e faleceu em 22 de outubro de 1908, na cidade do Rio de Janeiro tenha saído do Maranhão para não mais retornar.

Filho de David Gonçalves de Azevedo, vice-cônsul de Portugal em São Luís, e Emília Amália Pinto de Magalhães, Artur Azevedo seguiu para o Rio de Janeiro aos 18 anos de idade (1873), onde foi tradutor de folhetins e revisor de 'A Reforma', tornando-se conhecido por seus versos humorísticos.

Escrevendo para o teatro, alcançou enorme sucesso com as peças 'Véspera de Reis' e 'A Capital Federal'. Fundou a revista 'Vida Moderna', onde suas crônicas eram muito populares. Artur de Azevedo, prosseguindo a obra de Martins Pena, consolidou a comédia de costumes brasileira, sendo no país o principal autor do Teatro de revista, em sua primeira fase. Sua atividade jornalística foi intensa, devendo-se a ele a publicação de uma série de revistas, especializadas, além da fundação de alguns jornais cariocas. Escreveu cerca de 200 peças para teatro e tentou fazer surgir o teatro nacional, incentivando a encenação de obras brasileiras. Como diretor do Teatro João Caetano, no Rio, encenou quinze originais brasileiros em menos de três meses.

Para o teatro escreveu, entre outras: O Rio de Janeiro de 1877 (1878); A pele do lobo (1877); O Bilontra (1885); A Almanjarra (1888); O Dote (1888); O Badejo (1898); Confidências (1898); O Jagunço (1898); Comeu! (1901).

No Ceará:

O Teatro José de Alencar é um teatro brasileiro, localizado na cidade de Fortaleza, no Ceará. Foi inaugurado oficialmente em 17 de junho de 1910 e apresenta arquitetura eclética, sala de espetáculo em estilo art nouveau, auditório de 120 lugares, foyer, espaço cênico a céu aberto e o prédio anexo, com dois mil metros quadrados, que sedia o Centro de Artes Cênicas (CENA); o Teatro Morro do Ouro, com capacidade para 90 pessoas; a praça Mestre Pedro Boca Rica, com palco ao ar livre e capacidade para 600 pessoas; a Biblioteca Carlos Câmara; a Galeria Ramos Cotôco; quatro salas de estudos e ensaios; oficinas de cenotécnica, de figurino e de iluminação; o Colégio de Dança do Ceará e o Colégio de Direção Teatral, do Instituto Dragão do Mar; a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho; e o Curso Princípios Básicos de Teatro.

A pedra fundamental do teatro foi lançada em 1896, no centro da praça Marquês do Herval, hoje Praça José de Alencar (Fortaleza), mas o projeto original não foi concretizado. Em 1904 é que foi oficialmente autorizada a construção do Teatro José de Alencar, através da lei 768, de 20 de agosto. Em 6 de junho de 1908 as obras oficialmente tiveram início, e as peças de ferro fundido que compõem a estrutura do teatro foram importadas de Glasgow, na Escócia.

No Rio de Janeiro:

O Teatro João Caetano é um tradicional teatro brasileiro, e o mais antigo da cidade do Rio de Janeiro. Está localizado na Praça Tiradentes, sem número, e comporta 1222 pessoas, sendo 651 lugares na plateia, 123 no balcão nobre e 448 no balcão simples.

O primeiro teatro construído no local, com material abandonado destinado à nova Sé, foi inaugurado em 13 de outubro de 1813 e se chamava Real Theatro de São João. A partir daí, o teatro recebeu vários nomes: Imperial Theatro São Pedro de Alcântara, em 1826 e em 1839; Theatro Constitucional, em 1831; e, finalmente, Teatro João Caetano, a partir de 1923.

O primeiro nome foi em homenagem ao príncipe regente, Dom João VI. Sempre em evidência e muito frequentado pela sociedade, o teatro atravessou tragédias e reformas até que, em 26 de junho de 1930, foi inaugurado o prédio atual com o nome de Teatro João Caetano. Em frente ao prédio encontra-se uma estátua em tamanho natural do ator João Caetano, que também foi proprietário do teatro.

De maio de 1978 até março de 1979, o João Caetano passou pela última remodelação. Dessa reforma participaram o arquiteto Rafael Peres, responsável pelo atual projeto do prédio; Fernando Pamplona, na parte cênica de iluminação e mecânica do palco; o engenheiro Roberto Thompson, instalando o sistema acústico; e a supervisão do engenheiro Carlos Lafayette, diretor técnico da Fundação Estadual de Teatros do Rio de Janeiro (Funterj). Em obras por um período de 10 meses, foi reinaugurado em 11 de março de 1979, com a apresentação da comédia musical O Rei de Ramos, de Dias Gomes.

Pelo palco do Teatro João Caetano têm sido encenados os mais variados gêneros de espetáculos, desde dramas, recitais, balés, óperas, tragédias, vaudevilles, farsas, sátiras, operetas, concertos, comédias até revistas musicadas, shows etc. Em 25 de junho de 1885 e em 6 de janeiro de 1886 atuaram no João Caetano, respectivamente, as duas maiores atrizes do século XIX: Eleonora Duse e Sarah Bernhard. Foi no João Caetano também que aconteceram grandes montagens de musicais, como My Fair Lady, em 1962, com Bibi Ferreira e Paulo Autran, e Hello Dolly, com a mesma dupla, em 1965.

Prestígio zero:

A ausência de uma programação oficial ofertada pelo governo do Maranhão – a título de promover cultura – contradiz e reduz a nada o trabalho magnífico de Tácito Borralho, Nelson Brito, Ubiratan Teixeira, Odylo Costa, filho, pessoas que dedicaram muito das suas vidas à prática do teatro.

Há muito o Teatro Artur Azevedo perdeu o seu objetivo. Nem mesmo os grupos formados amadoristicamente (Laborarte, Grita) têm preocupação de melhorar suas produções e oferecer um teatro de qualidade à população. Alguns espetáculos de gosto duvidoso, até esquecem de justificar a construção de um teatro tão bonito e, reconheça-se, e dos melhores aparelhados do país.

Ainda bem que, noutros lugares o teatro e a cultura têm conceitos diferentes do que se concebe aqui. No próximo fim de semana, por exemplo, enquanto o governo do Estado e a Prefeitura de São Luís, oferecem aquele carnaval de primeiro mundo naquela passarela maravilhosa do Anel Viário, a Secretaria de Cultura do Ceará oferece, no interior do estado, mais precisamente em Guaramiranga, o já consagrado Festival de Jazz & Blues.

Enquanto isso, o Teatro Artur Azevedo continua fechado, esperando a próxima pintura.

Jornal Pequeno
3 de fevereiro de 2013
José de Oliveira Ramos
(joseoramos2006@ig.com.br)
http://www.jornalpequeno.com.br/2013/2/4/existe-teatro-em-sao-luis-243946.htm

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