segunda-feira, 23 de junho de 2014

É preciso entender

Me dirigia para o escritório na manhã deste dia de hoje, uma segunda feira bem estranha, e este mês de copa será assim, cheio de dias estranhos, coisa que não me agrada nem um pouco. Acabou que me lembrei de uma situação vivida dias atrás, também no escritório, e pensei em compartilhar no Blog.

Antes de qualquer coisa, devo lembrar que hoje é dia de jogo do Brasil na Copa, contra Camarões. E por esta razão o país todo vai trabalhar somente até o meio dia. E eu, particularmente, não compreendo o por quê disso, qual a razão de se parar de trabalhar em razão do futebol, ou porque não puseram esses jogos para ocorrerem à noite, afinal, basta de improdutividade neste país. Não é à toa que somos um país de terceiro mundo, não que isso seja determinante, é apenas mais uma das causas de nossa condição de miséria.

Eu, na verdade, não estou animado pra esse jogo, nem para qualquer outro, e pra piorar fui acometido por uma pesada infecção respiratória, casos que me acompanham desde a infância, e que, de tanto sofrer com isso, já deveria estar até acostumado, mas não, não consigo me acostumar com esses traumas respiratórios, não mesmo.

Tento desta vez melhorar fazendo a boa e velha automedicação, é uma automedicação responsável é bem verdade, se é que isso existe. Funciona assim. Se você tiver controle e vir anotando ou lembrando de todos os males já passados, e guardando todas as receitas, basta então você ir em busca da receita antiga que diga respeito aos sintomas semelhantes ao que você sente hoje, e repetí-la, e assim eu faço, mas confesso, que quase sempre dá errado, ai tenho que retornar mesmo ao médico. Mas dessa vez não, dessa vez penso que vai dar certo.

Sim, mas vou deixar de blá-blá-blá e contar logo a história que me lembrei no início da manhã.

O que ocorreu foi que dia desses ai fui procurado no escritório por um cidadão que buscava meus serviços como Advogado. Ele se fazia acompanhar por um amigo que temos em comum, irei chamar esse meu amigo de João, sendo João que havia indicado os meus préstimos àquele cidadão. Tudo bem, sentaram, tomamos um café, uma pequena conversa pra descontrair, e eis que passamos a direcionar a conversa para o que de fato era importante.

O caso versava sobre um bem que tinha como valor algo aproximado a R$ 40 mil, e, pelo que me foi relatado, tal bem pertencia ao meu quase cliente, que havia sido esbulhado de sua posse. E no caso em análise, não caberia mais a busca do bem, pois o mesmo estava deteriorado, o que se buscava era a indenização correspondente ao valor do bem em questão, ou seja, R$ 40 mil.

Tudo bem, caso aceito, passamos a falar sobre honorários, informei os percentuais, sendo que exigi de início a antecipação de determinada quantia a título de honorários iniciais. O cliente aceitou os honorários iniciais, mas titubeou quanto aos percentuais.

Estranhei ele não ter aceitado a questão dos percentuais, pois isso é unanimidade, todos reconhecem e aceitam que o Advogado venha cobrar em percentuais os seus honorários, e que estes percentuais venham a incidir, logicamente, sobre o vantagem auferida ao final do processo. Mas não, esse cidadão pensava diferente, ele pensou de uma forma bastante sui generis.

Logo ele passou a justificar seu pensamento. - Não dr., eu não quero fazer assim não, sobre os meus quarenta mil eu não quero pagar nada não, eu quero ele livre. Eu passo a causa para o senhor, ai em cima do que o senhor conseguir a mais, em cima do que o senhor conseguir além dos quarenta mil, eu pago esse percentual, mas em cima dos quarenta mil não.

Foi ai que eu entendi o que queria o cidadão. Mas, educadamente, explanei a ele a forma como os Advogados costumam cobrar seus honorários, informando que o modo que ele estava propondo era inviável para o profissional que iria patrocinar a causa, e ainda, que os honorários não deveriam ficar, e não ficam, condicionados a ganhar uma causa, salvo em raríssimas exceções, e ainda, que da forma como estava sendo colocada, os honorários estariam sendo jogados em um poço de incerteza, em um verdadeiro precipício, afinal, imagine-se para o caso de uma sentença condenando o Réu ao pagamento de R$ 40 mil ao Autor, e ai? Como ficaria o trabalho do Advogado? Quem pagaria pelo bom serviço prestado, já que sobre esse valor o Contratante nada pretendia pagar ao causídico?

Completamente equivocada a postura e o entendimento do cidadão.

E nem preciso dizer que não aceitei patrocinar a causa, ele ficou de procurar outro Advogado que aceitasse suas condições, talvez tenha encontrado algum(a) prostituto(a), que há em toda profissão, que tenha aceitado sua proposta, e desejo, sinceramente, que tenha vencido a lide, que a sentença tenha sido exatamente de R$ 40 mil, e que o cliente tenha resolvido seu problema, e a prostituta tenha, ao final, saído de mãos abanando.

Foi essa a história que eu lembrei hoje ao caminho do escritório, e o que me fez lembrar foi ter encontrado na porta da farmácia o meu amigo João, tendo-o cumprimentado rapidamente, desejando saúde e uma boa semana à família.

Gosto de reencontrar pessoas queridas, especialmente em uma manhã de segunda-feira, e olha que eu havia encostado somente para comprar um Naldecon/dia e um Naldecon/noite. Por falar nisso, esse remedinho é qualquer coisa de sensacional. O cidadão que o inventou deveria sim ganhar o Prêmio Nobel de Medicina, ou melhor, de Bioquímica. Aquilo não é um remédio, é uma porção mágica. Eu já estou quase que dependente dele, não posso dar um espirro que corro à farmácia para comprá-los. É espetacular!

Bom gente, é isso, vamos ao trabalho, que tenhamos todos uma semana abençoada, e que essa segunda-feira passe bem rapidinho.

Beijo grande e carinhoso no coração de cada um de vocês!!!

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